Mesmo considerando que toda atitude do homem é política.
A política é sempre a luta pelo poder. Todo
o esforço dos políticos é no sentido
do poder. Já o homem com religiosidade, o homem que
tem o autoconhecimento, não deseja o poder, nem se
submete ao poder. Portanto, rasga a regra, rompe a estrutura,
arrebenta elos da cadeia. Subverte.”
[A rigor, portanto, não se pode falar de sua conversão
espiritual, pois suas peças sempre foram carregadas
de religiosidade.] “Dom Hélder Câmara,
depois do espetáculo a que assistiu no Recife, fez
questão de declarar para a imprensa que a peça
[Dois Perdidos Numa Noite Suja], devido à sua religiosidade,
valia por vários sermões e até missas.
E o padre Êdnio Vale, declarou numa entrevista: ...
peça de tema profundamente religioso, mesmo que não
tenha sido essa a intenção do autor.”
“A verdade é que a maioria das pessoas se ligava
em outros valores para gostar ou não das peças.
Então, eu tentei fazer um teatro com a religiosidade
exposta com maior clareza. Escrevi
Dia
Virá, uma peça sobre o Senhor Jesus Cristo,
com as meninas do colégio Des Oiseaux, um colégio
de freiras.” “ Escrevi
Balbina
de Iansã, sobre o candomblé.” “Depois,
fiz também
Jesus-Homem
[segunda versão de
Dia
Virá], com debates todas as noites depois do
espetáculo, com pessoas de todas as crenças.”
“E agora vamos com a Blavatsky.”
[Em 1970, quando escreveu
Balbina
de Iansã, esteve envolvido com candomblé
e umbanda. Mesmo antes, já se interessava por esses
temas, tendo escrito uma peça sobre a vida dos orixás
para o TV de Vanguarda, da TV Tupi.]
[A partir do final da década de 70, passa a se interessar
efetivamente por esoterismo, lendo livros sobre magnetismo,
cura através dos metais, das cores, do-in – e
Tarô.
Estudou os pontos de energia da Medicina Chinesa e, como possuía
forte poder mental, passou a usá-lo para energizar
as pessoas, para fazer massagens, aliviar dores. Com o tempo,
acabou criando um método próprio de leitura
de Tarô, que aliava ao seu poder de magnetização.]
“O Tarô eu aprendi naquele tempo de circo, e fui
trabalhando com ele, trabalhando, trabalhando, até
que de uns anos pra cá [1997], passei a ser profissional,
a viver disso. E comecei a arrumar clientes, essa coisa toda,
a brincar, porque o meu negócio sempre foi brincar.”
“O Tarô é uma arte subversiva.” “O
que o Tarô faz mesmo é ajudar no autoconhecimento.”
“Com magnetismo a gente até cura. Tem um lado
espiritual e outras coisas, cura mesmo. Eu atendi muitos casos
de câncer. É que não vai curar mais porque
está num estado terminal, mas eu tirava a dor mesmo.”
“Mas isso não é um poder. É bioenergética.
É uma ciência que você estuda, aprende
e faz. Isso é o que estamos fazendo. Agora, o cara
entende como quiser, se ele pensa que a gente é mestre,
médium...”
[No começo da década de 90, criou um curso:
O
Uso Mágico da Palavra. E dava oficinas em vários
lugares, continuando com sua tradição de mambembeiro
e camelô, porque nunca deixou de vender seus livros.]
“Tem gente que me criticou por entrar nessa linha mística.
Mas, catzo, eu não dou espaço para as pessoas
me fazerem cobrança, porra. Eu em nenhum momento estive
à venda, e sempre defendi o direito de ser livre, e
sempre fui.”