CIRCO E TEATRO AMADOR

[Começou a vida profissional como palhaço de circo.] “Eu queria namorar uma moça do circo, que conheci quando o cantor do nosso bairro foi cantar no circo. O pai dela só deixava ela namorar gente do circo. Então eu entrei para o circo. Achei que era mais engraçado do que o palhaço e que eu devia ser palhaço.” “Eu tinha o apelido de Frajola, não porque andasse bem vestido, mas porque tinha saído uma revista em quadrinhos, Mindinho, com um gato chamado Frajola, que sempre queria pegar um passarinho – e eu fui preso roubando um passarinho numa casa, na ocasião em que saiu a revista.” [E usou esse apelido como palhaço de circo, o palhaço Frajola.]
“Comecei a ficar mais fixo em circo depois que saí do quartel, com 19 anos. Mas, desde os 16, já estava trabalhando como palhaço.” [Em 1953, percorria o interior paulista com a Companhia Santista de Teatro de Variedades, atuando como palhaço e humorista, e também dirigindo shows.] “Cheguei a ser humorista da Rádio Atlântico e da Rádio Cacique, de Santos”.

Frajola e Lico


“Trabalhei em todos os circos, no Circo dos Ciganos, no Circo do Pingolô e da Ricardina, no Circo Toledo, Circo Rubi, da Aurora Viana e do Carvalhinho. Agora, o primeiro pavilhão em que trabalhei foi o Pavilhão-Teatro Liberdade, que ficou armado cinco anos em Santos [na Avenida Pedro Lessa, Macuco], dando espetáculos todas as noites.” “O circo era um pavilhão-teatro. Tinha a parte dos shows e tinha a parte do teatro. Na primeira parte, a gente fazia os shows: entrava o palhaço, essas coisas todas, os números de circo; e, na segunda, tinha sempre uma peça. Eu fazia vários pequenos papéis. Nunca cheguei a fazer um grande papel, mas sempre com falas, papelzinho de destaque.”
[Também começou a se apresentar na TV-5, de Santos, como humorista e como palhaço Frajola, alcançando grande popularidade. Já era apresentado nos shows como “o cômico mais querido da cidade”, ou “o cômico da televisão”.]
Em 1958, “a Patrícia Galvão, a Pagu, estava precisando de um cara pra substituir um ator de uma peça infantil que ela estava fazendo [Pluft, o Fantasminha] e que tinha que ser feita no dia seguinte. Me convidaram e eu fui. E lá fiquei conhecendo essa mulher maravilhosa.” “Ficamos amigos de infância.” “... quando encontrei a Pagu, conheci um grupo de intelectuais raríssimo. E recebi uma forte influência desse grupo.” “Todos os domingos a Pagu fazia o Geraldo Ferraz [seu marido] ler uma peça pra nós. Peças como Esperando Godot.” “A gente ficava ouvindo a Pagu falar e aquilo nos despertava para ler, para estudar.”
[Nessa época, é membro do Clube de Poesia, do jornal O Diário, de Santos, tendo várias poesias publicadas. Começa, também, a trabalhar ativamente no teatro amador santista, tradicionalmente de boa qualidade. Em 58 e 59, trabalha com sucesso como ator e/ou diretor em várias peças: Pluft, o Fantasminha, Verinha e o Lobo, Menina Sem Nome, A Longa Viagem de Volta, Escurial, O Rapto das Cebolinhas, Jenny no Pomar, Triângulo Escaleno, Fando e Lis.]