Ei, amizade!

(Vídeo exibido na Casa de Detenção, em São Paulo, realizado pela agência Adag e pela Tv Cultura)

Aqui é Plínio Marcos, bandido também. Atenção, malandragem! Eu não vou pedir nada, só vou dar um alô. Te liga aí!

Aids é uma praga que rói até os mais fortes. E rói devagarinho, deixa o corpo sem defesa contra a doença. Quem pega essa praga está ralado de verde e amarelo, do primeiro ao quinto, sem vaselina. Não tem doutor que dê jeito. Nem reza brava. Nem choro, nem vela. Nem ‘ai Jesus’. Pegou Aids, foi pro brejo...Agora, sento o aroma da perpétua: Aids passa pelo esperma e pelo sangue. Entendeu? Pelo esperma e pelo sangue. Eu Não estou te dando este alô pra te assombrar. Então, se toca! Não é porque tu tá na tranca que virou anjo. Muito pelo contrário, cana dura deixa o cara ruim. Mas é preciso que cada um se cuide. Ninguém pode valer pra ninguém esse negócio de Aids.

Então, já viu, transar, só de acordo com o parceiro e de camisinha. Tu aí que é metido a esculachar os outros, metido a ganhar o companheiro na força bruta, na congesta: pára com isso, senão tu vai acabar empesteado. Aids não toma conhecimento de macheza, pega pra lá e pega pra cá. Pega em homem, pega em bicha, pega em mulher, pega em roçadeira. Pra essa peste não tem bom: quem bobeia fica premiado. E fica um tempão sem saber...Daí, o mais malandro, no dia de visita, recebe mamão com açúcar da família e manda pra casa o Aids. E não é isso que tu quer, né, vago mestre? Então, te cuida! Sexo, só com camisinha. Quem descobre que pegou a doença se sente no prejuízo e quer ir à forra, passando pros outros. Sexo, só com camisinha. Não tem escolha, transar, só com camisinha.

Quanto a tu, mais chegado ao pico...Estou sabendo que ninguém corta o vício só por ordem da chefia. Mas escuta bem, vago mestre, a seringa é o canal pro Aids. No desespero, tu não se toca, não vê, não quer nem saber. Ás vezes, a seringa vem até com um pingo de sangue e tu mete ela direto em ti. Às vezes ela parece que vem limpona e vem com a praga. E tu, na afobação, mete ela direto na veia. Aí, tu dança. Tu, que se diz mais tu, mas não pode agüentar a tranca sem pico, te cuida. A farinha que tu cheira e a erva que tu barrufa enfraquecem o corpo e deixa tu chué da cabeça e dos peitos, e aí tu fica moleza pro Aids. Mas o pico é canal direto pra essa praga que está aí.

Então, malandro, se cobre! Quem gosta de tu é tu mesmo.
A saúde é como liberdade. A gente só da valor pra ela quando ela já era.

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