Escrita em 1976, teve uma única montagem no Rio de Janeiro, em 1979

“Aos 43 anos, um dos autores mais proibidos do Brasil, Plínio Marcos, agora também romancista, verá a estréia de uma peça sua [no Rio de Janeiro] depois de oito anos.
Feira Livre, que “retrata uma situação limite da sociedade de consumo”, estará em cartaz a partir de 1º de março, no Teatro Opinião, sob a direção de Emiliano Queiroz e música de Cátia de França. O momento é importante para Plínio, que apesar dos problemas não diminui a sua produção, mas a diversifica.” (Míriam Alencar, “Finalmente Livre na Feira”, Jornal do Brasil, 17/2/1979)

“Essa é uma peça totalmente versificada. Plínio chamou-a de opereta. Não há trama nem conflito. Apenas situações atomizadas cujos movimentos devem evocar uma feira-livre.

Os diálogos são apenas dois: o da freguesa com o barraqueiro e o pivete, em que esse último termina roubando a freguesa, e o diálogo do barraqueiro com o cidadão. Nesse segundo diálogo, Plínio escreve uma anedota que vem reforçar o conteúdo cômico de toda a situação, que é também engraçada no seu conjunto.
Os versos não são de boa lavra, mas são simpáticos e risíveis, como, por exemplo, os da abertura, nos quais os feirantes estão armando as barracas. Enquanto isso os vizinhos vão abrindo a janela e reclamando do barulho. Surge a Mulher de Papelote que diz: “Silêncio gentalha / ainda não é dia / façam silêncio canalha / se não chamo a polícia”.

O coro dos feirantes responde-lhe: “A vaca mansa dá leite / a brava dá quando quer / a mansa tá sossegada / a brava já tá de pé”.

Ainda outro exemplo: A Moça Bonita que surge também à janela: “Por favor, boa gente / façam baixo esse barulho”. Resposta do Coro de Feirantes: “Surgiu assim de repente / o sol depois do bagulho”.
Toda a peça é engraçada e sem maiores pretensões. “ (Paulo Vieira, “Plínio Marcos: a Flor e o Mal”, p. 166, Editora Firmo, 1994)

“Não se deve avaliar Feira Livre, só porque se trata de obra de um autor consagrado, por critérios desproporcionais à sua pretensão, que é muito reduzida. Assumidamente primitiva, no sentido de naïve, a peça talvez pudesse ser aproveitada num programa tipo Palco Sobre Rodas.” (Yan Mishalsky, “Desfile de Tipos”, Jornal do Brasil, 6/3/1979)