“E o Inútil Pranto, Inútil Canto para
os Anjos Caídos são contos.” [Escreveu
ainda outro conto,
O
Assassinato do Anão do Caralho Grande, que também
adaptou para teatro. Publicou ainda outros livros de pequenos
contos ou relatos autobiográficos: Prisioneiro de uma
Canção, Canções e Reflexões
de um Palhaço, Figurinha Difícil, O Truque dos
Espelhos.]
“A Barra do Catimbó, que é outro romance
meu, também foi proibido como novela de televisão.”
[Começou a escrever histórias da Barra do Catimbó
em jornal, antes de lhes dar a forma de romance.] “Pra
evitar esculacho, criei a Barra do Catimbó, onde passei
a fazer acontecer todos os salseiros. E, aos poucos, me apaixonei
pela Barra do Catimbó. Fui criando personagens que,
de início, eram baseados nos tipos que conheci na minha
cidade querida, mas que, aos poucos, foram crescendo, ganhando
características próprias e, acreditem ou não,
se formavam sozinhos, indiferentes à minha influência.
Mestre Zagaia e os ensinamentos da sua Tabuada das Candongas,
colhidos nos estreitos, esquisitos e escamosos caminhos do
roçado do bom Deus. Nega Bina Calcanhar de Frigideira,
que no começo era só mulher do crioulo Catimbó,
fundador da Barra, e que ganhou importância quando mataram
seu marido. Oscarino Vaselina, eterno candidato a vereador,
Seu Olegário, Seu Azulão, Mané Cheiro
de Peixe, Mãe Begum de Obá, Chupim, Pé
de Bicho, Intrujão Guegué, Bolinha do Mobral,
Dona Cotinha Fofoqueira, Quim Ilhéu, Azevedo do Apito,
Valdo Camelô, Catulé Sambista, e tantos outros.”
“Eu os amo por serem frágeis diante dos duros
combates do dia-a-dia, mas que não se rendem nunca.
Porém (e sempre tem um porém), o que quero dizer
e o que pesa na balança é que já pensei,
e penso muito, chego a ser atormentado por essas figuras,
em meter tudo isso no palco de um teatro.” [O que, infelizmente,
nunca chegou a fazer.]
“Não tem tu, vai tu mesmo. Era assim. Eu ia vendendo
meus livros
nas
ruas,
feiras
de livros,
nas
portas dos teatros, nos restaurantes Gigeto, Giovani Bruno,
Orvieto, Piolim. Um pouco aqui, um pouco ali. Batendo papo,
contando histórias e faturando uma grana. Sabe, não
é fácil vender livros em terra de analfabeto
com fome. A maioria das pessoas reconhecia que aquilo era
uma forma de resistência. Uma parada dura. Mas, eu não
me acanhava. Não me queixava. Conheço bem a
lei do choque do retorno: Quem planta vento colhe tempestade.
E eu incomodava mesmo. Era perseguido, mas fiz por merecer.
Eu encarava todas do jeito que viessem. Às vezes, apareciam
uns e outros querendo me humilhar. Era péssima viagem.
Eu pegava bem. Dava duro.”